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Foto do escritorFabiane Puntel Basso

Cada criança tem seu tempo?



Ouvimos todos os dias que é importante respeitar o ritmo da criança, que é preciso se tranquilizar e esperar porque cada criança tem seu tempo de desenvolvimento e tal... É claro que cada criança tem seu tempo, os marcos do desenvolvimento não são baseados em idades fixas e sim em intervalos de tempo. Mas como saber se o atraso está dentro desse intervalo de tempo individual que a criança precisa para se desenvolver ou se é uma questão de dificuldade real que precisa de estimulação específica?


Vamos refletir! O que vocês acham melhor: ouvir essas frases, acalmar provisoriamente seus corações e esperar (mesmo correndo o risco de estar negligenciando um período importante e otimal de estimulação) ou levar a sério os sinais de alerta e fazer uma avaliação com um profissional capacitado? Eu prefiro acalmar meu coração de verdade ou, se for o caso, aproveitar esse tempo precioso para recuperar o atraso e evitar um sofrimento maior no futuro! E vocês?


Existem crianças com atraso de desenvolvimento (principalmente de fala) que evoluem muito bem mesmo sem precisarmos fazer algo. Só que é muito difícil identificar precocemente quais delas vão evoluir bem sozinhas e quais não. Então, pra que correr o risco?


Eu não estou falando só da linguagem oral. A partir dos 6 anos a criança inicia, de maneira formal, o processo de aprendizagem da linguagem escrita, cujo processo não é natural como na linguagem oral, em que basta a criança estar imersa no mundo de falantes para aprender a falar.

Na aprendizagem da linguagem escrita não é suficiente estar inserido no mundo letrado para aprender a ler. Para que este aprendizado ocorra de maneira adequada é importante que a criança já tenha concluído, em termos de qualidade, o desenvolvimento da linguagem oral e perceba e manipule os componentes sonoros da fala (palavras, sílabas e fonemas), ou seja, tenha consciência fonológica.


A linguagem oral tem uma relação estreita com a linguagem escrita. Portanto, se a criança tiver um atraso ou alteração no desenvolvimento de qualquer subsistema da linguagem (semântico, fonológico, morfossintático, prosódico e pragmático), poderá (mas não obrigatoriamente) ter problemas na aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita. No entanto, mesmo sem nunca ter apresentado qualquer atraso de fala a criança pode apresentar um atraso na aprendizagem da linguagem escrita. E aí entra o mesmo raciocínio... Vale a pena esperar até o final do terceiro ano do Ensino Fundamental para identificar que realmente a criança está apresentando uma dificuldade e precisa de uma avaliação e ajuda específica?


Tanto na linguagem oral como na escrita, não podemos empurrar essa investigação para mais tarde. É primordial evitar esperar com os braços cruzados, torcendo para não ser nada! Quanto mais esperamos maior será o sofrimento da criança depois. Precisamos olhar a criança respeitando essas dificuldades para melhor entender e intervir.


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